Vale a pena ler a entrevista da atual secretária de educação do Estado de São Paulo. Vale a pena porque desde já pode-se observar a visão neoliberal e empresarial deste governo. Como se já não bastasse o estrago feito em 1994, cujos frutos as atuais pesquisas demonstram, o Estado deve um grande declínio na qualidade do ensino. Pois bem, como se o grupo que governa fosse totalmente diferente dos outros mandatos, ninguém olha atrás e busca sua parcela de culpa. Cabe lembrar que São Paulo era, entre 1994/2002 o laboratório para as experiências governamentais dos líderes da época. Tirar do Estado sua parcela de culpa quanto a desqualificação do ensino - que não foi pequena - é quase que irônico. Quem não se lembra das terceirizações de funcionários, redução do número de salas de aula, enxugamento do quadro curricular? Pois bem, para quem era assessora do ex-minístro Paulo Renato, e, conviveu com isso de perto, hoje falar em reformular, qualificar e priorizar os currículos escolares soa meio estranho. Estranho mesmo é transferir a culpa da desqualificação aos professores, afirmando que a classe deve fazer "mea culpa, máxima culpa".
Ao comparar o salário dos professores com outros estados simplesmente não faz nada de estraordinários, porque tradicinalmente no Brasil, professor nunca foi bem remunerado. Outrossim, nivelar por baixo a classe como se 75% dos docentes não exercem competências cabíveis na profissão, é desmotivar grande parte, ou melhor, a maioria dos profissionais, que ao contrário de sua opinião desenvolvem bom trabalho. É correto afirmar que professores não se atualizam, estão presos ao livro didático, reclamam das condições de trabalho, porém não é a maioria.
Nos últimos anos não se viu nenhum tipo de pirotecnia na educação, a não ser as bolsas entregues pelo ex-gonvernador no ano de eleição. E, se implementar projetos como o dos CIEPS e da Escola Pedrão foi pirotecnica, o que não dizer dos IDORT, Circuito Gestão, EM em Rede, etc. É bom falar de infra estrutura na escolas, muito bom! Melhor ainda das empresas que ganham licitações para essas implementações; políticas públicas disseminadas a revelia nesses últimos 14 anos.
Quanto a qualificação do profissional da educação cabe relatar que a avaliação pode e deve ser externa, mas desde que o cliente a avalie: alunos, pais, comunidade. Não se pode entregar a diretores - na maioria das vezes designados (fora de sua sede de exercício) autonomia para mandos e desmandos nas unidades escolares. Ora, acaba-se por atribuir juntamente com o professor, grande parcela de culpa aos gestores, que na maioria das vezes, sem democracia nenhuma são obrigados a implementar projetos direcionados pedagógicos sem consultas dos parceiros: profisoinais e comunidades.
Fala-se tanto em exercício democrático, porém o que se nota é a implementação tácita e autoritária dos projetos de governo, e não de educação. E se a idéia é fechar faculdades de padagogia sem qualidade, deve-se lembrar que estas mesmas se disseminaram durante a gestão Paulo Renato no MEC. Criadas sem critérios, avaliações e acompanhamento do órgão compentente.
Talves um olhar ao passado a gestora da pasta da educação deveria observar onde foi a queda, procurar as causas, avaliar o caminho e propor mais do que planos de governo, mas políticas públicas para educação, políticas não-elitistas e conservadoras, mas cidadãs. Além de se formar para o mercado, formar-se cidadãos, críticos, autônomos, que escolhem seu próprio futuro. Assim o país (e mesmo São Paulo) poderia estar sendo alavancado das aristocracias regionais; das disputas pelos controles dos orçamentos; dos processos de tomadas de decisões; dos favorecimentos e favorecidos e priorizar o objetivo da democracia, a inclusão do povo.
Prof. PC
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Gostei do seu blog prof. Paulinho. Acredito que irá colaborar na interação com seus alunos, nas trocas de idéias e nas reflexões. Enquanto profissional, tenho a certeza que você irá incorporar o papel de professor facilitador!!! Até porque essas são as novas exigências do educador do século XXI. Só espero que o blog incorpore também as discussões da geografia em sua nova abordagem, juntamente com Matemática e Ciências (hahahahahaha). Essa sim é postura de um governo neoliberal: os números são mais importantes que as idéias. Abraços tricolores e sucesso nas novas escolas. Prof. Fabio
Postar um comentário